Jambu conquista espaço e valoriza a gastronomia brasileira
Chamado também de agrião do Pará, o jambu é encontrado principalmente no Pará, onde é cultivado juntamente com outras hortaliças e pode ser encontrado em feiras e supermercados
Conhecido principalmente por compor pratos típicos paraenses como o “pato no tucupi” e “tacacá”, o jambu conquista novos espaços e valoriza ainda mais a gastronomia brasileira com aquele toque especial, que é a sensação de dormência nos lábios. Sem dúvida, o jambu desperta a curiosidade de quem o degusta pela primeira vez.
Cachaças e geleias são alguns produtos que usam o jambu como ingrediente especial. Até a flor do jambu, – onde se concentra a maior parte da substância espilantol, responsável pela sensação de dormência na boca – passou a ser mais valorizada. Agora, já pode ser encontrada até em conserva e utilizada de diversas maneiras na preparação de pratos, de doces e de salgados.
Por causa desse princípio ativo, o jambu também é usado pela população local como erva medicinal, no tratamento de males da boca e garganta, além de tuberculose e litíase pulmonar.
Por isso já despertou o interesse de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, que consideram o espilantol uma substância promissora na produção de anestésicos naturais.
Diurético e afrodisíaco são outros atributos do jambu. Se quiser conhecer mais benefícios dessa planta para a saúde, há vários textos sobre o assunto na internet. O site “Quero Viver Bem” aponta nove benefícios enquanto o “Mundo Boa Forma” lista 13 deles.
Jambu é uma cultura invisível
Apesar de fazer parte de vários pratos típicos no Pará e já ter fama fora do estado, do ponto de vista econômico, de acordo com a publicação “Agropecuária no Estado do Pará (página 59) editada pela Embrapa, em 2017, “o jambu se enquadra na categoria de dezenas de “produtos invisíveis” na Amazônia”. Isso significa que não existem oficialmente, uma vez que não fazem parte da coleta de dados do IBGE ou de outra instituição.
Cultivado juntamente com as outras hortaliças, o jambu pode ser encontrado em feiras, como a do Ver-o-Peso, e em supermercados. Porém, infelizmente, ainda não há um olhar diferenciado para ele.
Segundo engenheiro-agrônomo, doutor em Economia Rural e pesquisador Alfredo Kingo Oyama Homma, da Embrapa Amazônia Oriental, um dos autores desse trabalho, o termo “produtos invisíveis” se refere a produtos que são importantes na estratégia de sobrevivência dos pequenos produtores, dos extrativistas, dos ribeirinhos, porém, têm produção reduzida, pulverizada e pequena participação na economia.
Necessidade de investimentos e ciência e tecnologia
Parece até estranho que o jambu seja um produto invisível, no entanto, Homma disse que esse privilégio não é só da Amazônia, acontece no Nordeste e também em São Paulo. “São produtos com pouca importância econômica e que, por isso, o IBGE, as Secretarias Estaduais ou Municipais não deslocam pessoal para coletar dados de área, produção e valor.
“Mesmo para o jambu a sua importância econômica é pequena se comparada com a pimenta do reino, cacau, castanha, etc. Se pudéssemos secar as folhas de jambu e depois reidratar abriria um vasto mercado para exportação para outras partes do país e do mundo”, explicou Homma, mas não é isso que acontece.
Para Homma, há necessidade de promover maiores investimentos em pesquisa com o jambu, para desenvolver novas variedades, descobrir maneiras de secar as folhas para depois reidratar e criar novos produtos. “Há uma série de atividades que precisariam ser realizadas, como mais investimento em ciência e tecnologia, equipamentos e pesquisadores, que seriam importantes para o fortalecimento dessa atividade no estado do Pará”, afirmou o pesquisador.
Criatividade e empreendedorismo
Enquanto esses grandes investimentos em pesquisa e tecnologia não chegam, os pequenos produtores de jambu, pelo menos, podem fornecer matéria-prima para os novos empreendedores que têm lançado no mercado produtos especiais como flor de jambu em conserva, jambu pré-cozido e a famosa cachaça de jambu, tudo feito com capricho e elevada qualidade comercial.
Então, essa realidade vem ao encontro da proposta da Loja Flor de Jambu, que tem como missão “tornar acessíveis nacionalmente os sabores típicos da Amazônia Brasileira, por meio da comercialização de ingredientes e produtos fornecidos por pequenos produtores e empreendedores da região”.
Se você ainda não experimentou essa hortaliça nativa da região Norte, também conhecida como agrião do Pará e ficou curioso para saber como é a sensação de dormência na boca, acesse o site da loja e experimente o jambu e outros ingredientes amazônicos. Que tal um pesto de jambu para começar? Clique aqui e veja a receita.
Texto: Roberta Vilanova
Fotos: Flor de Jambu
Uma ideia sobre “Jambu conquista espaço e valoriza a gastronomia brasileira”