“Farinhada o elo
De tantas famílias brasileiras
Farinha de tapioca, tapioca
Goma massa fina carimã
Farinha d’água bolo de macaxeira
Quebra jejum beléu biscoito de manhã
Sou cabra forte sou do norte”
Já dizia Alberan Moraes, farinhada é o elo de tantas famílias brasileiras. Arriscamos dizer que não existe um brasileiro que nunca comeu uma farinha, pois a diversidade é tamanha. Farinha de mandioca, Farinha Uarini, Farinha de beiju, Farinha-d’água, Farinha gomada, Farinha de copioba, Farinha de tapioca, podem ter cor amarela, branca ou amarronzada, com grãos grossos ou finos. Há mais de 50 tipos de mandioca para se fazer muita farinha!
A farinha faz parte da cultura enraizada no Brasil. Prova disso, é a Região de Bragança, no Pará, desde o século XX até os dias atuais, produz farinha amarela, leve e de alta qualidade. Em Bragança, há diversos tipos de farinha, fina, tradicional da mandioca, de tapioca e a farinha d’água, feita com a massa da mandioca fermentada (ou pubada) e peneirada, ácida e granulada, que fornece um sabor crocante e único, ideal para comer com açaí, peixes, maniçoba. Na cultura indígena, é o alimento do papa-chibé, o nome dado ao ribeirinho que come farinha misturada com água.
Outra curiosidade é que existe um festival junino muito famoso em Bragança, onde a farinha é a protagonista, com uma exposição dedicada da narrativa completa da sua história.
Farinha que além de nutrir o Brasil, é a renda para muitos produtores no Norte do país. Um dos que mais se destacam é o Seu Bené, produtor da região de Bragança, com 74 anos de muita história com a farinha, é ela quem abastece muitos lares e restaurantes, é ingrediente chave de receitas premiadas por muitos chefs e já foi até protagonista de documentário apresentado em Berlim. Para conferir mais de perto essa história, acesse aqui!
Quer farinha com inovação?
É a farinha feita pela Maria de Nazaré Rodrigues Pereira, que introduziu o conceito de farinha saborizada em Bragança, em uma propriedade do sítio Fênix de 75 hectares, buscou junto com o SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e EMATER – Empresa de Assistência e Extensão Rural, técnicas agro sustentáveis para reduzir o tempo de produção e reaproveitamento de recursos. Certificada pela ADEPARÁ – Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará e Identificação Geográfica, têm farinhas tradicionais, incorporadas e até funcional, que é composta de chia, castanha do pará, soja e gergelim.
Para matar a curiosidade de como é a farinha é feita, trazemos um vídeo para você da produção de farinha de Bragança na Comunidade do Camutá: Acesse o vídeo
No Pará, outra região que produz farinha é Santa Isabel do Pará, mas a farinha produzida é a partir da goma, tendo como principal resultado a farinha flocada de tapioca. Subproduto do polvilho hidratado, é branca, granulada, em algumas regiões do Norte do país, come-se com açaí, com pirão e ensopados. O Pará é um grande produtor de mandioca, comunidades como Acará, Santarém, Ilha do Marajó dependem da produção de farinha como parte da sua subsistência.
Navegando agora para o Amazonas, encontra-se um outro tipo de farinha: a Uarini, ou popularmente conhecida como ovinha, de cor amarelada, cheirosa, possui grãos duros, as famosas quebra dentes! Tradição dos manauaras, é perfeita para comer com pirarucu e tambaqui!
Vamos navegar rio acima para Cruzeiro do Sul no Acre, na região do Alto do Juruá, com herança de geração para geração, a produção da farinha é granulada, sendo primeira farinha do estado do Acre a obter a certificação “Selo de Indicação Geográfica”, através do projeto Cadeia de Valor da Mandiocultura realizado pelo Sebrae em 2017, valorizando o conhecimento tradicional e garantindo a qualidade da produção local.
Produção de farinha é o que não falta neste Brasilzão! Espero que vocês tenham gostado de descobrir um pouquinho mais sobre a farinha, acesse e confira nossas farinhas!
flordejambu.com
Texto produzido pelo Projeto Rebbú.
Também no Estado do Amapá, temos umas das melhores Farinha do Brasil.